Normalmente, os primeiros comportamentos agressivos surgem aos 2/3 anos de idade e manifestam-se através do morder, gritar, empurrar, arranhar ou bater, e com o tempo, o natural é que estes comportamentos comecem a desaparecer. Porém, em algumas crianças isso não acontece e estas continuam a revelar-se violentas, partem objetos e agridem os colegas ou mesmo os membros da família. Em casos extremos a atitude da criança acaba por comandar toda a família, em que os pais poderão criar sentimentos de impotência face à situação, ficando sem saber como reagir.
De facto, “há sempre um momento ou situação chave em que as crianças «nos põem à prova». Necessitam de ver se os adultos estão seguros ou inseguros, qual a sua capacidade de resposta, de atuação, de resolução de problemas” (Reyes, 2010, p.288).
Por vezes os comportamentos agressivos manifestam-se de uma forma seletiva, ou seja, só em determinados locais ou com algumas pessoas, mas em outros casos torna-se mais grave porque a criança demonstra não possuir uma mínima tolerância à frustração, reagindo de uma forma violenta à mínima contrariedade.
Num grau mais elevado, esta intolerância pode surgir com situações ínfimas do quotidiano, como por exemplo, o desaparecimento de um brinquedo ou pelo simples facto da cadeira em que se costuma sentar à mesa não ser a mesma.
Quando a criança manifesta uma agressividade excessiva, torna-se importante perceber o contexto em que esta ocorre e verificar se existe no seu convívio familiar e escolar alguma situação que esteja a desencadear e manter este comportamento. Desta forma, o adulto regulador (pais, educador, adulto de referência), poderá ajudar a criança a adquirir atitudes alternativas de canalização da agressividade, ao mesmo tempo que orienta os pais a interferirem na situação e a adotarem uma postura que vá de encontro da minimização do comportamento agressivo da criança.
Espera-se então que, ainda que, gradualmente, as crianças, vão sendo capazes de compreender os sentimentos, intenções e perceções, e pensamentos de outras pessoas, assim como os próprios. (Portugal e Laevers, 2010).
Deste modo deixamos algumas dicas/estratégias que poderemos utilizar e ajudar uma criança perante uma situação de conflito ou algum comportamento agressivo:
Aproximar da criança, tocar e abraçá-la se ela permitir;
Procurar ir para um ambiente seguro para a criança, onde não esteja exposta a comentários e olhares;
Com a ajuda do adulto, arranjar uma estratégia para que se acalme (ex. colocar as mãos no coração e contar até 5);
Quando a criança voltar a sentir-se mais calma, iniciar uma conversa sobre o que acabou de acontecer, sobre as suas emoções, os limites e regras;
Reconhecer o que a criança está a sentir (ex. “Já percebi que estás mesmo zangado. O que posso fazer para te ajudar?”)
Texto escrito por: Ed. Helena Frias e Ed . Vanda Assunção (Creche Mosaico)
Referências Bibliográficas
Reyes, M.J.A. (2010). O não também ajuda a crescer – Como superar momentos difíceis e favorecer a educação e o desenvolvimento das crianças. Lisboa: A Esfera dos Livros.
-Portugal, G., e Laevers, F. (2010). Avaliação em Educação Pré-escolar – Sistema de acompanhamento das crianças. Porto: Porto Editora
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